domingo, 25 de fevereiro de 2018

O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO, O MERCANTILISMO e A Expansão Marítima Europeia


O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO.

CONCEITO:
Entende-se por Absolutismo, o processo de centralização política nas mãos do rei. É resultado da evolução política das Monarquias Nacionais, surgidas na Baixa Idade Média; fruto da aliança rei - burguesia.

FATORES DO ABSOLUTISMO
1.Aliança rei - burguesia:
A burguesia possuía um interesse econômico na centralização do poder político: a padronização monetária, dos pesos e medidas. Adoção de mecanismos protecionistas, garantindo a expansão das atividades comerciais; a adoção de incentivos comerciais contribuía para o enfraquecimento da nobreza feudal e este enfraquecimento-em contrapartida- garantia a supremacia política do rei.

2.Reformas Religiosas:
A decadência da Igreja Católica e a falência do poder papal contribuíram para o fortalecimento do poder real.
Durante a Idade Média, o poder estava dividido em três esferas:
-poder local, exercido pelo nobreza medieval;
-poder nacional, exercido pela Monarquia;
-poder universal, exercido pelo Papado.
Assim, o processo de aliança rei -burguesia auxiliou no enfraquecimento do poder local; as reformas religiosas minaram o poder universal colaborando para a consolidação do poder real.

3.Elementos Culturais:
O desenvolvimento do estudo de Direito nas universidades e a preocupação em legitimar o poder real. O Renascimento Cultural contribuiu para um retorno ao Direito Romano.


MECANISMOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
A) Criação de um Exército Nacional: Instrumento principal do processo de centralização política. Formado por mercenários, com a intenção de enfraquecer a nobreza e não armar os camponeses.
B) Controle do Legislativo: Todas as decisões do reino estavam controladas diretamente pelo rei, que possuía o direito de criar as leis.
C) Controle sobre a Justiça: Criação do Tribunal Real, sendo superior aos tribunais locais ( controlados pelo senhor feudal ).
D) Controle sobre as Finanças: intervenção na economia, mediante o monopólio da cunhagem de moedas, da padronização monetária, a cobrança de impostos, da criação de Companhias de Comércio e a imposição dos monopólios.
E) Burocracia Estatal: corpo de funcionários que auxilia na administração das obras públicas, fortalecimento o controle do Estado e, conseqüentemente , o poder real.

TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO
Nicolau Maquiavel ( 1469/1525 ) - Responsável pela secularização da política, ou seja, ele supera a relação entre ética cristã e política. Esta superação fica clara na tese de sua principal obra, O Príncipe ­segundo a qual "os fins justificam os meios".
Maquiavel subordina o indivíduo ao Estado, tornando-se assim no primeiro defensor do absolutismo.

Thomas Hobbes ( 1588/1679 ) -Seu pensamento está centrado em explicar as origens do Estado. De acordo com Hobbes, o homem em seu estado de natureza é egoísta. Este egoísmo gera prejuízos para todos.
Procurando a sociabilidade, os homem estabelece um pacto: abdica de seus direitos em favor do soberano, que passa a Ter o poder absoluto. Assim, o estado surge de um contrato.
A idéia de contrato denota características burguesas, demonstrando uma visão individualista do homem ( o indivíduo pré-existe ao Estado ) e o pacto busca garantir e manter os interesses dos indivíduos.
A obra principal de Hobbes é "Leviatã".

Jacques Bossuet ( 1627/1704 ) e Jean Bodin ( 1530/1596 )
Defensores da idéia de que a autoridade real era concedia por Deus. Desenvolvimento da doutrina do absolutismo de direito divino - o rei seria um representante de Deus e os súditos lhe devem total obediência.

ABSOLUTISMO NA PENÍNSULA IBÉRICA
PORTUGAL – Primeiro país a organizar o Estado Moderno. Centralização política precoce em virtude da Guerra de Reconquista dos ­cristãos contra muçulmanos.
A centralização do Estado Português ocorreu em 1385, com a Revolução de Avis, onde o Mestre da Ordem de Avis ( D. João ), com o apoio da burguesia mercantil consolidou o centralismo político.

ESPANHA – O processo de centralização na Espanha também está relacionado com a Guerra de Reconquista e foi fruto de uma aliança entre o Reino de Castela e o Reino de Aragão, em 1469 e consolidado em 1492 - com a expulsão definitiva dos mouros da península.

FRANÇA – A consolidação do absolutismo francês está relacionado com a Guerra do Cem Anos: enfraquecimento da nobreza feudal e fortalecimento do poder real. A principal dinastia do absolutismo francês foi a dos Bourbons:
Henrique IV ( 1593/1610 ) precisou abandonar o protestantismo para ocupar o trono real. Responsável pelo Édito de Nantes (1598 ) que concedeu liberdade religiosa aos protestantes.
Luís XIII ( 1610/1643 ) Em seu reinado, destaque para a atuação de seu primeiro-ministro o cardeal Richelieu.
A política de Richelieu visava dois grandes objetivos: a consolidação do absolutismo monárquico na França e estabelecer, no plano externo, a supremacia francesa na Europa. Para conseguir este último objetivo, Richelieu envolveu a França na guerra dos Trinta Anos (1618/1648), contra a os Habsburgos austríacos e espanhóis.
Luís XIV ( 1643/1715 ) -O exemplo máximo do absolutismo francês, denominado o "rei-sol". Organizou a administração do reino para melhor controle de todos os assuntos. Governava através de decretos e submeteu a nobreza feudal e a burguesia mercantil.
Levou ao extremo a idéia do absolutismo de direito divino.
Um dos principais nomes de seu governo foi o ministro Colbert, responsável pelas finanças e dos assuntos econômicos.
A partir de seu reinado a França inicia uma crise financeira, em razão das sucessivas guerras empreendidas por Luís XIV. A crise será acentuada com o Édito de Fontainebleau, decreto real que revogou o Édito de Nantes. Com isto, muitos protestantes abandonam a França, contribuindo para uma diminuição na arrecadação de impostos.
A crise do absolutismo prossegue no reinado de Luís XV e atingirá o a ápice com Luís XVI e o processo da Revolução Francesa.

INGLATERRA – O apogeu do absolutismo inglês deu-se com a Dinastia Tudor, família que ocupa o poder após a Guerra das Duas Rosas:
Henrique VIII ( 1509/1547 ) - Empreendeu a Reforma Anglicana, após o Ato de Supremacia ( 1534 ). Com a reforma, o Estado controla as propriedades eclesiásticas impulsionando a expansão comercial inglesa.
Elizabeth I ( 1558/1603 ) -Implantou definitivamente o anglicanismo, mediante uma violenta perseguição aos católicos e aos protestantes.
Iniciou uma política naval e colonial - caracterizada pela destruição da Invencível Armada espanhola e a fundação da primeira colônia inglesa na América do Norte - Virgínia ( 1584 ).
Em seu reinado a Inglaterra realiza uma grande expansão comercial, com a formação de Companhias de Comércio e fortalecendo a burguesia.
Com a morte de Elizabeth I ( 1603 ), inicia-se uma nova dinastia ­Stuart - marcada pela crise do absolutismo inglês.

O MERCANTILISMO
CONCEITO
Política econômica do Estado Moderno baseada no acúmulo de capitais.
A acumulação de capitais dá-se pela atividade comercial, daí o mercantilismo apresentar uma série de práticas para o desenvolvimento das práticas comerciais.

OBJETIVOS
A intervenção do estado nos assuntos econômicos visava o fortalecimento do Estado e o Enriquecimento da burguesia.

PRÁTICAS MERCANTILISTAS
Para conseguir o acúmulo de capitais, a política mercantilista apresentará os seguintes elementos:
Balança comercial favorável: medida que visava a evasão monetária. A exportação maior que a importação auxiliava a manter as reservas de ouro.
Metalismo (bulionismo): necessidade de acumular metais preciosos (ouro e prata ).
Intervencionismo estatal: forte intervenção do Estado na economia, com o intuito de desenvolver a produção agrícola, comercial e industrial. O Estado passa a adotar medidas de caráter protecionista ­estimular a exportação e inibir a importação, impondo pesadas tarifas alfandegárias.
Monopólios: elemento essencial do protecionismo econômico. O Estado garante o exclusivismo comercial sobre um determinado produto e/ou uma determinada área.

TIPOS DE MERCANTILISMO
Cada Estado Moderno buscará a acumulação de capitais obedecendo suas próprias especificidades.
PORTUGAL - Mercantilismo agrário, o acúmulo de capitais virá da atividade agrícola na colônia ( Brasil ).
ESPANHA: Metalismo, em razão da grande quantidade de ouro e prata da América. O grande afluxo de metais trouxe uma alta dos preços das mercadorias e desencadeou uma enorme inflação. Este processo é conhecido como revolução dos preços.
FRANÇA: Produção de artigos de luxo para a exportação. Também conhecido como colbertismo, por causa do ministro Jean Colbert.
INGLATERRA: Num primeiro momento, a Inglaterra consegue acúmulo de capitais através do comércio, principalmente após o Ato de Navegação de 1651. O grande desenvolvimento comercial vai impulsionar a indústria. Esta última se tornará na atividade principal para a Inglaterra conseguir o acúmulo de capitais.
HOLANDA: desenvolve o mercantilismo misto, ou seja, comercial e industrial.


MERCANTILISMO E FORMAÇÃO DO SISTEMA COLONIAL
A principal dificuldade do mercantilismo residia na necessidade que todos os países tinham de manter uma balança comercial favorável, ou seja, todos queriam exportar, porém nenhum gostava de importar.
Para solucionar este problema e que será montado o Sistema Colonial. As áreas coloniais, mediante o denominado pacto colonial, auxiliava a Europa no processo de acumulação de capitais ao vender - a preços muito baixos - matéria-prima e comprar - a preços elevados, os produtos manufaturados.

CONSEQUÊNCIAS
O processo de acúmulo de capitais, impulsionado o capitalismo; A formação do Sistema Colonial Tradicional ( séculos XVI/XVIII); O desenvolvimento do escravismo moderno, onde o escravo é
visto como mão-de-obra e mercadoria.

A Expansão Marítima Europeia
A expansão marítima européia, processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu para que a Europa superasse a crise dos séculos XIV e XV.

Através das Grandes Navegações há uma expansão das atividades comerciais, contribuindo para o processo de acumulação de capitais na Europa.
O contato comercial entre todas as partes do mundo (Europa, Ásia, África e América ) torna possível uma história em escala mundial, favorecendo uma ampliação dos conhecimento geográficos e o contato entre culturas diferentes.

Fatores para a Expansão Marítima.
A expansão marítima teve um nítido caráter comercial, daí definir este processo como uma empresa comercial de navegação, ou como grandes empreendimentos marítimos. Para o sucesso desta atividade comercial o fator essencial foi a formação do Estado Nacional.
Formação do Estado Nacional e a centralização política-as Grandes Navegações só foram possíveis com a centralização do poder político, pois fazia-se necessário uma complexa estrutura material de navios, armas, homens, recursos financeiros. A aliança rei-burguesia possibilitou o alcance destes objetivos tornando viável a expansão marítima.
Avanços técnicos na arte náutica-o aprimoramento dos conhecimentos geográficos, graças ao desenvolvimento da cartografia; o desenvolvimento de instrumentos náuticos-bússola, astrolábio, sextante - e a construção de embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, como as naus e as caravelas.
Interesses econômicos – a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada do crescimento demográfico; a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas; romper o monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo ­que contribuía para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente; tomada de Constantinopla, pelo turcos otomanos, encarecendo ainda mais os produtos do Oriente.
Sociais – o enfraquecimento da nobreza feudal e o fortalecimento da burguesia mercantil.
Religiosos – a possibilidade de conversão dos pagãos ao cristianismo mediante a ação missionária da Igreja Católica.

Expansão marítima portuguesa
Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma situação de paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo português é explicado pela sua centralização política que, como vimos, era condição primordial para as Grandes Navegações.
A formação do Estado Nacional português está relacionada à Guerra de Reconquista - luta entre cristãos e muçulmanos na península Ibérica.
A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de Borgonha ( a partir de 1143 ) caracterizada pelo processo de expansão territorial interna.
Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal conhece um movimento político denominado Revolução de Avis -movimento que realiza a centralização do poder político: aliança entre a burguesia mercantil lusitana com o mestre da Ordem de Avis, D. João. A Dinastia de Avis é caracterizada pela expansão externa de Portugal: a expansão marítima.

Etapas da expansão
A expansão marítima portuguesa interessava à Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à nobreza, interessada em conquista de terras; à Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar outros povos e a burguesia mercantil, desejosa de ampliar seus lucros.

A seguir, as principais etapas da expansão de Portugal:
1415 -tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da África;
1420 -ocupação das ilhas da Madeira e Açores no Atlântico;
1434 -chegada ao Cabo Bojador;
1445 -chegada ao Cabo Verde;
1487 -Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo das Tormentas;
1498 -Vasco da Gama atinge as Índias ( Calicute );
1499 -viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

Expansão marítima espanhola
A Espanha será um Estado Nacional somente em 1469, com o casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Dois importantes reinos cristãos que enfrentaram os mouros na Guerra de Reconquista.
No ano de 1492 o último reduto mouro -Granada -foi conquistado pelos cristãos; neste mesmo ano, Cristovão Colombo ofereceu seus serviços aos reis da Espanha.
Colombo acreditava que, navegando para oeste, atingiria o Oriente. O navegante recebeu três navios e, sem saber chegou a um novo continente: a América.

A seguir a principais etapas da expansão espanhola:
1492 - chegada de Colombo a um novo continente, a América;
1504 -Américo Vespúcio afirma que a terra descoberta por Colombo era um novo continente;
1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a primeira viagem de circunavegação do globo.

As rivalidades Ibérica
Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos sobre os territórios descobertos ou a descobrir, resolveram assinar um acordo -proposto pelo papa Alexandre VI - em 1493: um meridiano passando 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, dividindo as terras entre Portugal e Espanha. Portugal não aceitou o acordo e no ano de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas.
O tratado de Tordesilhas não foi reconhecido pelas demais nações européias.

Navegações Tardias
Inglaterra, França e Holanda.
O atraso na centralização política justifica o atraso destas nações na expansão marítima:
A Inglaterra e França envolveram-se na Guerra dos Cem Anos(1337-1453) e, após este longo conflito, a inglaterra passa por uma guerra civil - a Guerra das Duas Rosas ( 1455-1485 ); já a França, no final do conflito com a Inglaterra enfrenta um período de lutas no reinado de Luís XI (1461-1483).
Somente após estes conflitos internos é que ingleses, durante o reinado de Elizabeth I (1558-1603 ); e franceses, durante o reinado de Francisco I iniciaram a expansão marítima.
A Holanda tem seu processo de centralização política atrasado por ser um feudo espanhol. Somente com o enfraquecimento da Espanha e com o processo de sua independência é que os holandeses iniciarão a expansão marítima.

CONSEQUÊNCIAS
As Grandes navegações contribuíram para uma radical transformação da visão da história da humanidade. Houve uma ampliação do conhecimento humano sobre a geografia da Terra e uma verdadeira Revolução Comercial, a partir da unificação dos mercados europeus, asiáticos, africanos e americanos.

A seguir algumas das principais mudanças:
A decadência das cidades italianas; a mudança do eixo econômico ­do mar Mediterrâneo para o oceano Atlântico; a formação do Sistema Colonial; enorme afluxo de metais para a Europa proveniente da América; o retorno do escravismo em moldes capitalistas; o euro-centrismo, ou a hegemonia européia sobre o mundo; e o processo de acumulação primitiva de capitais resultado na organização da formação social do capitalismo.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO: UMA CARACTERÍSTICA FUNDAMENTAL DAS SOCIEDADES HUMANAS


       Há milhares de anos os seres humanos buscam compreender o mundo e os fenômenos que ocorrem em seu dia a dia.
       Para cada problemas encontrado buscava-se uma solução.
       Até o final da Idade Média, essa busca por conhecimento e soluções não acontecia em relação às transformações e aos conflitos sociais, que eram entendidos como fenômenos naturais ou resultados da providência divina. Nesse caso, não cabia à humanidade interferir.
       Uma realidade na qual não se pode interferir não é vivida como um problema, mas como um destino.
       Após século XVIII, a sociedade e os fenômenos sociais começaram a ser problematizados e vistos como uma construção humana, portanto, passível de ser transformada, destruída ou reconstruída.
       Essa transformação pode ser realizada a partir de objetivos traçados pela própria sociedade.
       O contexto social e político que mudou o modo como as sociedades ocidentais olhavam para si mesmas e as transformou em objeto de estudo científico foi uma processo histórico que envolveu a Revolução Industrial e Francesa.
       Ao conhecimento religioso e filosófico construído ao longo da história foi acrescentado outro modo de compreender a realidade social, o Conhecimento Científico.
       No contexto marcado pelas transformações radicais das revoluções que surgiu a Sociologia, ciência que tem como objetivo compreender os conflitos, as permanências e as transformações das sociedades contemporâneas.
       AS DIFERENTES FORMAS DE CONHECIMENTO:
       A espécie humana não se limita apenas a sobreviver no mundo, mas também procura entendê-lo e modificá-lo de acordo com as diferentes formas como percebe a realidade.
       Articulação entre a realidade objetiva e subjetiva que é a matriz que constrói o conhecimento.
       Conhecimento é toda a compreensão e prática adquiridas, cuja memória e transmissão permitem lidar bem com as tarefas do dia a dia, portanto todos somos capazes de produzir conhecimento, mas existem diferenças de acordo com a forma como esse conhecimento é produzido.
       CONHECIMENTO RELIGIOSO
       É um conhecimento sustentado pela crença na existência de uma realidade exterior ao mundo que influencia a percepção e a explicação da realidade social. Seus ensinamentos orientam uma compreensão e prática da vida fundamentada nos princípios religiosos.
       CONHECIMENTO FILOSÓFICO
       Procura explicar o universo, empreendendo um esforço para dar sentido racional aos mistérios do mundo.
       Ainda que seus resultados não precisem ser comprovados em testes de verificação, não podem deixar de obedecer aos princípios da razão.
       Ao buscar a essência, e significação e a origem das coisas, esse conhecimento se vale do pensamento racional e da lógica para justificar e sistematizar e que produz.
       CONHECIMENTO DE SENSO COMUM
       Conhecimento fundamentado apenas na experiência, ou na experiência que nos é transmitida. É o conhecimento vulgar e prático que, no cotidiano, orienta nossas ações e lhes dá sentido.
       CONHECIMENTO CIETÍFICO
       É resultado da busca constante por explicações sobre os diferentes eventos que acontecem em nosso mundo. No entanto, essas explicações precisam ser construídas mediante a rigorosa execução de um método organizado com base em teorias coerentes e socialmente aceitas.
       Ciência e Senso Comum
       Aqueles que consideram a ciência um conhecimento hierarquicamente superior ao conhecimento Senso Comum.
       A quem consideram complementares os dois tipos de conhecimento.
       Para Pedro Demo a pesquisa é o modo pelo qual se conhece a realidade.
       A pesquisa é ainda uma característica fundamental da ciência.
       O senso comum aceita a realidade sem questionamentos ou pesquisa que o ponham à prova.
       Os defensores da oposição entre ciência e senso comum destacam a ciência como conhecimento neutro e racional, enquanto o senso comum é visto como um olhar parcial e irracional sobre a realidade.
       A defesa da ciência como único conhecimento válido e aceito e a crítica aos outros meios de explicação do mundo.
Ø   Positivismo – ciência é o único conhecimento útil a ser perseguido pela humanidade, a única maneira de investigar e conhecer a realidade e resolver os problemas que a impediriam de atingir a sua plenitude).
       Existem aqueles que consideram a ciência e o senso comum conhecimentos complementares.
       Boaventura de Souza Santos afirma que a oposição entre ciência e senso comum se justificou nos séculos XVIII e XIX. Na atualidade tal oposição não se justifica mais e deve ser substituída por uma aproximação que transforme tanto o senso comum quanto a ciência.
       Todo conhecimento científico teria por objetivo converter-se em senso comum, assim, em um tempo no qual a ciência se tornasse popular, o senso comum também passaria a adquirir um novo caráter, mais crítico e menos receptivo a verdades prontas que não apresentassem fundamentos racionais.
       Segundo Paulo Freire, não há produção de conhecimento sem que haja conexão entre o sujeito que a produz e sua realidade social. Isso significa que o senso comum determina o alcance e o tipo de conhecimento produzido.
       A contribuição da Sociologia para a interpretação da sociedade contemporânea
       O estabelecimento da ciência como principal meio de explicar o mundo influenciou o modo como a realidade social passou a ser interpretada.
       No momento em que os problemas da sociedade passam a ser percebidos como passíveis de solução, ela se torna objeto de estudo científico.
       MÉTODOS DE ANÁLISE SOCIOLÓGICA DA REALIDADE SOCIAL
       O funcionalismo ou método comparativo (Émile Durkheim)
       O método comparativo constitui uma adaptação do método experimental das Ciência Naturais à análise da realidade social.
       O método experimental é constituído de etapas: a observação de um fenômeno, a formulação de hipóteses e as experiências controladas, com o objetivo de comprovar as hipóteses.
       O funcionalismo defende que todas as práticas sociais tem função na sociedade, assim como cada um dos órgãos humanos, como o coração e o pulmão, contribui para manter um indivíduo vivo.
       Na análise funcionalista há interdependência de todos os elementos de um sistema social.
       A análise sociológica deve considerar os fenômenos particulares do ponte de vista de sua integração ao conjunto da sociedade.