Visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva visa aproximar o Brasil dos países da África e do Oriente Médio e estabelecer uma crescente parceria estratégica.
09:23
15.02.2024 (atualizado: 12:02 15.02.2024)
Primeiro presidente
brasileiro a visitar o Egito, Lula relembrou que sua visita ao Cairo, há
20 anos, era um olhar do Brasil para o mundo para além do eixo
central — EUA e Europa — visando o desenvolvimento e o multilateralismo.
No
início de sua fala, Lula não pôde deixar de lembrar que o mundo está
vivendo um período geopolítico complicado, e agradeceu ao presidente
do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, pela ajuda na evacuação de brasileiros da Faixa
de Gaza em função do conflito entre Israel e o Hamas.
"No
momento em que nós deveríamos estar falando no aumento da produção de alimentos
para o mundo. No momento em que nós deveríamos estar falando em crescimento
econômico, distribuição de renda, geração de empregos, nós estamos falando em
guerras",
declarou Lula mencionando o conflito ucraniano e lembrando que a ONU, órgão que
deveria antecipar e colaborar com a dissolução de tais problemas é hoje incapaz
de atuar na questão.
"O
Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque
a Israel e ao sequestro de centenas de pessoas. E nós condenamos e
chamamos o ato de ato terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento
de Israel, [que] a pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e
crianças — coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha
conhecimento",
declarou Lula.
Segundo
o presidente, as instituições multilaterais que foram criadas para
ajudar a solucionar problemas desta natureza não funcionam. Lula seguiu
dizendo que conta com o Egito para mudar esta realidade para que os órgãos de
governança global possam assumir as funções para as quais foram
idealizados originalmente.
"É
preciso que o Conselho de Segurança da ONU tenha outros países participando,
outros países da África, da América Latina. É preciso que tenha uma nova
geopolítica na ONU. É preciso acabar com o direito de veto dos países e que os
membros do conselho sejam pacifistas e não atores que fomentam a guerra", criticou o presidente.
Para
Lula, a ONU perde importância na medida em que suas decisões são meramente
figurativas e que não é capaz de ajudar pragmaticamente em situações
que perturbem a paz e a segurança mundiais. Citando o conflito
Israel-Hamas, Lula lembrou o papel importante do Egito e agradeceu ao Cairo
publicamente.
"A
única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que
Israel tem a primazia de descumprir, ou melhor, de não cumprir nenhuma decisão
emanada da direção das Nações Unidas. [...] E eu não poderia deixar de começar
toda minha conversa agradecendo ao presidente al-Sisi pela solidariedade que
ele teve em ajudar o Brasil para que a gente conseguisse tirar as brasileiras e
brasileiros que estavam na Faixa de Gaza", destacou ele.
Lula
destacou o papel que ambas as economias têm em suas respectivas regiões pelo
tamanho de seu mercado e pelo potencial de crescimento nas mais diferentes
áreas chamando a atenção para a participação egípcia na balança comercial
brasileira e nos ganhos que os países terão se seguirem na direção dos
acordos já estipulados na direção do desenvolvimento e da manutenção
da paz, quer seja na África ou no Oriente Médio.
"É
urgente estabelecer um cessar-fogo definitivo que permita a prestação de ajuda
humanitária sustentável e desimpedida, imediata, e incondicional liberação de
reféns. O Brasil é terminantemente contrário à tentativa de deslocamento
forçado do povo palestino. Por esse motivo entre outros, o Brasil se manifestou
em apoio a um processo instaurado na Corte Internacional de Justiça pela África
do Sul. Não haverá paz sem um Estado palestino convivendo lado a lado com
Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas internacionalmente
reconhecidas. Tenho certeza de que hoje estamos inaugurando um novo e
importante capítulo nas nossas relações bilaterais. Por isso, quero agradecer,
senhor presidente, [pelo] carinho do povo do Egito e [pelo] seu, pessoalmente", concluiu Lula.
Fonte
https://sputniknewsbr.com.br/20240215/lula-no-egito-israel-nao-cumpre-decisoes-emanadas-da-onu-precisamos-de-cessar-fogo-imediato-33082835.html
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