domingo, 12 de fevereiro de 2017

Reportagem: O que estourou em Vitória é pedaço de realidade instalada país afora

O que estourou em Vitória é pedaço de realidade instalada país afora

Folha de São Paulo
09/02/2017 02h00

Possível e fácil, a ocorrência em mais umas três capitais de algo como a arruaça em Vitória, e não se poderá contar com solução de razoável racionalidade para conter a conflagração. Será violência contra violência.

É essa uma visão pessimista do risco? Sim, para quem supõe que Vitória sucumbiu a motivações suas. Ou, se mais, a problemas do Espírito Santo. Mas o que estourou em Vitória é um pequeno pedaço de uma realidade instalada pelo país afora. Entre os depósitos de explosivos que são hoje tantas cidades brasileiras, Vitória estava até em melhores condições do que Porto Alegre, Rio, Natal, várias outras. O mais inquietante, no entanto, não está nessa realidade tão ameaçadora quanto pouco reconhecida.

O que mais agrava a ameaça subjacente no país é a total alienação do governo Michel Temer. Uma parte dele só se ocupa de politicagem partidária e parlamentar, compartilhamento de cargos e ganhos, manobras protetoras, na ilha afortunada que é Brasília. Michel Temer é o falso centro dessa parte do governo.

A outra parte é a área econômica, encabeçada pelo Ministério da Fazenda. Não é menos alienada do que a anterior. Nem na ilha está: vive no seu círculo fechado. O país afunda mais econômica e socialmente a cada hora, o desemprego real já está estimado em 20 milhões, cresce o número de estados e cidades incapazes de custear os serviços essenciais – e em nove meses de governo o ministro da Fazenda não tomou sequer uma medida singela, qualquer uma, para facilitar (facilitar, nem se pediria mais) uma reação ao esmagamento do país. Muito ao contrário, além de impedir os estimulantes investimentos governamentais, sob sua regência os bancos oficiais cortaram tudo que puderam do financiamento aos setores privados.

A alienação do Ministério da Fazenda é total. Com o desabamento do poder aquisitivo posto diante dos seus olhos, Meirelles e sua equipe se ocupam em criar penalidades para quem comprou imóvel em construção e precisa desistir do negócio. Querem fixar multa de 25%, um quarto do total já pago, a ser deixado no cofre do vendedor quando desfeita a compra. As desistências subiram de 20% no já ruim 2014 para 43,4% no ano passado, conforme as repórteres Ana Paula Ribeiro e Geralda Doca. Pequenos imóveis, na maioria de valor entre R$ 300 mil e R$ 800 mil. Comprados, está claro, por aqueles que haviam ascendido da pobreza para os primeiros degraus da baixa classe média.

Tão simples: o governo reduz ou elimina o rendimento, e castiga quem não tem mais o suficiente para honrar os compromissos da ascensão perdida. É a face do governo Temer + Meirelles.

O potencial explosivo está à mercê da sorte. Vitória não é uma diferença, é um risco comum que ali avançou mais. E o mais grave: não se pode contar com o governo, que de uma parte se aliena como pasto da politicagem e, em outra, na absoluta irrealidade do seu mundo de cifrões.

JAMAIS

Passados os pasmos com as primeiras prisões intempestivas, Sérgio Moro tem se mostrado bastante previsível. Mesmo quando vai a extremos, como a divulgação ilegal de gravações telefônicas já também ilegais, ato inesperável na forma, mas sem surpresa no excesso. Na mais recente de suas tantas idas aos Estados Unidos, a regra se cumpriu, quando, por exemplo, deu resposta fugidia sobre seu alegre encontro com Aécio Neves. Ou na óbvia afirmação de que não tem responsabilidade alguma na causa da morte de Marisa Lula da Silva.

Esta, porém, é uma certeza que Sérgio Moro jamais terá como alcançar. Nem seus companheiros da Lava Jato poderão livrar-se da interrogação.


4 comentários:

  1. Gostei do tema mais acho que deveriamos parar de falar que o gover isso o governo aquilo,pois oque ocorreu e esta ocorrendo em Vitoria com mais intensidade tem um puco de culpa do governo mais as maiorias das arruassas sao a propia populacao,mas em fim,otimo tema para ser discutido.

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  2. Adorei esse tema a ser discutido o fato de tudo aquilo que está acontecendo em nosso país,não é só culpa de algumas ou uma pessoa envlovida além de diversos problemas terem sidos causados por elas ,com isso,esses acontecimentos terem acontecidos por conta de uma grande falta de obrigatoriedade por partes deles

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  3. O paviu que já avia sido aceso pelo governo é pela sociedade só foi o inicio . Mas em um todo a culpa não e somente do governo a culpa também e da população que muitas vezes aponta o dedo na cara do governo e diz que ele e o culpado mas não percebe que ele é o verdadeiro culpado (É mais fácil apontar o demo na cara do outro do que na sua própria cara) essa e uma grande realidade brasileira pois ao invés da sociedade e o governo andarem separado passassem a anda juntos de mãos dadas pois assim a sociedade passa a reconhecer o seu valor e o governo vê a verdadeira realidade mais de perto . Vitoria (ES) apenas foi o inicio que pode ser mudado .
    Aluno : Alberto Magno 3°A Matutino

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  4. Realmente, Vitória alarma uma realidade geral em vários estados do nosso país ocasionada por uma política pública de péssima qualidade do governo Temer.
    O governo anterior ao atual foi retirado de forma autoritária dentro das formas da lei.O governo Temer assume com o objetivo de sanar o problemas,mas percebe-se que já se passaram quase um ano e pouco se resolveu , tornando claro que tinham como finalidade favorecer interesses de terceiros. Acarretando uma desvalorização salarial de profissionais do serviço público.
    Esse governo se preocupou apenas em prejudicar quem não quitasse seus débitos habitacionais, com aumento de taxas acrescentadas aos imóveis, diferente do governo anterior que se preocupava com habitação em todas as classes, principalmente média baixa.
    Portanto, Vitória e outros estados do nosso país clamam por direitos e deveres constitucionais para que os trabalhadores sejam reconhecidos e valorizados pelo suor que cai dos seus rostos.
    Aluna: Isabella de Oliveira Santos 3°F - MATUTINO

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